Ressignificando Símbolos de Masculinidade na Perfumaria 

Podemos entender que a forma com a qual a indústria da perfumaria se desenvolveu no ocidente desde o século XIX até os dias de hoje esteve pautada sobre uma codificação de gêneros que se manteve restrita por muito tempo às normas daquela época. Esta é uma codificação que não fazia parte da perfumaria clássica, e não aconteceu de forma tão marcante no oriente, que conta com regiões nas quais ingredientes olfativos jamais foram delimitados especificamente para homens ou mulheres. Ao passo em que a perfumaria busca remontar às suas origens, em que o nicho se democratiza e a sociedade avança nas pautas de gênero, vemos os símbolos do mercado masculino se tornando mais diverso, espontâneo e original.

Referências de Mercado

Campanhas e Modelos Quebram Padrões 

Yves S. Laurent
Kouros – 1981

Azzaro
Wanted – 2016

Davidoff
Run Wild – 2019

O mercado de prestígio, muito relacionado à indústria da moda, sempre buscou modelos que expressassem a ideia de perfeição.
Hoje, os modelos tradicionais dão mais espaço a homens “imperfeitos” e cicatrizes ganham destaque enquanto buscamos uma forma de vida mais natural e livre.

Moschino
Toy Boy – 2019

Phluid
Transcend – 2020

Carolina Herrera
212 Heroes – 2021

Com foco na diversidade, campanhas e modelos remetem à estética LGBTQI+ e à androgenia de forma a se tornarem mais inclusivas e representar outras demografias de seu público. Phluid traz o primeiro modelo trans estrelando uma campanha abrangente de perfumaria nas lojas Sephora e 212 Heroes enaltece igualdade, aceitação e até acessibilidade para pessoas com deficiências de locomoção.

Notas e Composições Olfativas com Nuances Femininas 

Moschino
Toy Boy
Amadeirado Floral com magnólia, absoluto de rosa e flor de linho.

Hugo Boss
Bottled Oud Aromatic
Oriental Floral com flor de laranjeira, mirra e oud.

Ralph Lauren
Polo Black Bear Ed.
Fragrância original  com toque tropical de manga e um acorde
de gelo.

Natura
Homem Emocion.e
Primeiro Amadeirado Floral da marca, com flor de cactus.

Maison Francis Kurkdjian
L’Homme à La Rose
Floral Amadeirado com o tema central formado por um duo de rosas: centifolia e damascena.

Como a Quimihouse pode contribuir?

FRAGRÂNCIAS
É possível atribuir elementos femininos às fragrâncias para
homens, partindo de estruturas masculinas e inserindo gradativamente flores, frutas e notas adocicadas.
Florais: Lavanda, Violeta, Gerânio, Íris, Jasmim, Laranjeira e
Magnólia são flores normalmente usadas no universo masculino. Para quebrar a tradição, Rosa, Lírio e Ylang-Ylang se mostram mais subversivas e podem ser acompanhadas por um acorde Fresco, Cítrico ou Herbal, e finalizados com madeiras robustas e notas ambaradas.
Frutais: Notas aquosas como Melão, Melancia, Maçã, Kiwi e Pera são lugar-comum. Abacaxi e Maracujá têm uma leve aproximação com a família cítrica e não revolucionam. Então que tal combinar Frutas Vermelhas azedinhas com Especiarias refrescantes e Madeiras Quentes ao fundo garantindo muito estilo e sedução?
Adocicados: A doce baunilha é um elemento muito presente em perfumes masculinos, mas dificilmente é a estrela principal da composição. Evidenciar o Absoluto de Baunilha em seu caráter balsâmico mais cru revela o caráter masculino deste ingrediente e combina perfeitamente com Especiarias e Madeiras Quentes, para uma finalização potente e suntuosa.

GÊNERO EM PERFUMARIA
Confrontar padrões em nome da liberdade e do resgate à perfumaria clássica requer entendermos como funcionam as associações ao feminino e ao masculino desde a revolução industrial, momento em que o estilo de vida da burguesia passou a exercer influência nas fragrâncias, absorvendo símbolos olfativos dos ambientes e vivências predominantemente masculinos e femininos na Europa. Assim, estabeleceu-se que certas facetas são mais ou menos adequadas para cada sexo:
Masculino: Madeiras, Couro e Frescor Feminino: Flores, Resinas, Doces e posteriormente Frutas.
Quando falamos que o uso do unissex representa um resgate às origens da perfumaria, remetemos às épocas em que ingredientes naturais e seus cheiros eram explorados por sua qualidade, exclusividade e sobretudo, disponibilidade. A nobreza e a corte contava com uma diversidade limitada de matérias primas olfativas, ou seja, homens e mulheres usavam todos os tipos de fragrâncias sem atribuir caráteres masculinos ou femininos às notas.
O termo Unissex, cunhado na década de 60 começa a parecer datado para a perfumaria, pois não expressar tão bem as distinções que as escolhas dos perfumistas permitem fazer:
Genderfree: Perfumes formados exclusivamente por ingredientes universais, comuns em perfumes dos dois gêneros. Normalmente não polarizantes e com grande poder de agradabilidade: Cítricos, Ervas, Especiarias, Musk e Âmbar.
Genderless: Estruturas neutras que incluem sutilmente facetas específicas do universo masculino ou do feminino, permitindo que pessoas de um gênero possam interagir com elementos olfativos tradicionais do outro, sem sentirem contudo que estão usando algo inadequado para si.

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